PRÁTICAS DA LETRA

  • Coordenação: Tatiane Grova Prado
  • Coordenação conjunta: Bruna Guaraná
  • Periodicidade e horário: sextas-feiras, quinzenalmente, às 10:30h.
  • Início: 15 de março de 2025.
  • Formato: híbrido.

Desde o início se trata de escrita – como atesta, por exemplo, o texto “Psicoterapia da Histeria” (1893-95), de Freud, quando ele se reporta à “lacunas e imperfeições” no relato do paciente e identifica “cadeias de ideias” e “ligações lógicas”[1]. E, ainda, quando toma o sonho como rébus[2].

Durante nosso trabalho, em 2024, em alguns pontos nos perguntamos: quem escreve em uma análise, o analista ou o analisante? Seguimos uma indicação de Éric Laurent, quando aponta que o que se trata nessa escrita é de apreender o “diálogo do sujeito com seu inconsciente”. Entretanto, algumas interrogações a mais se colocam e nos levam a interrogações a serem trabalhadas neste primeiro semestre:

1) Qual modo de leitura se encontra em jogo ao longo de uma análise?

Tivemos uma indicação importante a partir do passe de Debora Rabinovich, que se instrumenta pela leitura de um significante de um sonho a partir do rébus, como ela diz: “da ordem do inconsciente que interpreta”[3]. Esse modo de leitura não se encontra só localizado no fim de uma análise. Como ele opera como orientação desde o início? E que consequências pode trazer?

2) Qual a função do analista no texto produzido em análise?

Laurent nos aponta que o analista pode ser tomado como um editor de texto, do texto do paciente. Assim, ele poderia introduzir pontuações, vírgulas[4].

3) Por que e como introduzir vírgulas no texto do paciente?

Aqui, tomaremos como tema de investigação o corte em uma análise e seus efeitos.

Por último, teremos como horizonte o tema do Enapol, o Encontro Latino Americano do Campo Freudiano, já que ele se enlaça com o Instituto pelo seu vínculo direto com o Campo Freudiano. Como podemos tomar o tema “Falar com a criança” de modo a que essa fala se remeta à função de uma pontuação que faça diferença e que possa reorientar a criança e o adulto em estar no mundo fazendo uso de seu desejo?

Referências Bibliográficas:
Freud, S. (1893-95) “A psicoterapia da histeria”. Em: ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1996, v. II.
___. (1900) Em: ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1996. A Interpretação dos sonhos – vol. IV e V.
Laurent, E. “O relato de caso, crise e solução”.
___. “Interpréter la psychose au quotidien”. Em: Mental, 16, 2005.
Rabinovich, D. (2017) “Passe”. Em: Latusa, nº 22, 2017.

[1]              Freud, 1893-95, p. 307.
[2]              Quando Freud sublinha a direção de, ao tomarmos o texto do sonho, “[…] tentarmos substituir cada elemento isolado por uma sílaba ou palavra que possa ser representada por aquele elemento de um modo ou de outro. As palavras assim compostas já não deixarão de fazer sentido, podendo formar uma frase poética de extrema beleza e significado.” (1900/1996, p. 303).
[3]              Rabinovich, 2017, p. 184.
[4]              Laurent, 2005, p. 16.
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