PRÁTICAS DA LETRA
- Coordenação: Tatiane Grova Prado
- Coordenação conjunta: Bruna Guaraná
- Periodicidade e horário: sextas-feiras, quinzenalmente, às 10h30
- Início: 04 de março
Tratamentos do gozo pela escrita
No ano que se passou, nossa pesquisa tinha como hipótese de partida que “O amor”, título de um conto de Clarice Lispector, pudesse ser um dos nomes do gozo não-todo na sua obra. Mas, de que amor falamos quando falamos de amor em psicanálise? A partir desse tema, que foi o do X Enapol, “O novo no amor”, de 2021, percorremos vários tipos de amor em articulação com o gozo não-todo: o amor cortês, do caso da Jovem Homossexual, o amor de transferência, presente no Seminário 8 de Lacan, o amor por procuração da Dora à Sra. K e o que percorremos na literatura articulado ao gozo feminino. Esse percurso se deu sob o fundo da não-relação sexual, ali, onde o amor faz suplência, como nos indica Lacan no Seminário 20. Porém, em todas essas leituras, a dimensão do gozo feminino aparece mais ligada ao extravio, à ruptura, à devastação ou loucura.
O que nos interessa para este novo ano da pesquisa seria entender o gozo feminino não somente como aquilo que pode ser disruptivo para uma mulher ou um homem, mas podendo funcionar também como ponto de apoio. Nesse sentido, a seguinte citação irá nos orientar: “Vocês talvez tenham se dado conta […] assim de tempos em tempos, entre duas portas, que há alguma coisa que as sacode [secoue], as mulheres, ou que as acode [secourt]” (Lacan, 1973, p. 80).