CLÍNICA E POLÍTICA DO ATO
- Coordenação: Leonardo Lopes Miranda.
- Comissão de Coordenação: Camila Drubscky, Heloisa Shimabukuro, Ondina Machado e Sandra Landim.
- Periodicidade e horário: segundas e quartas sextas-feiras do mês, 14:30.
- Início: 09 de agosto de 2024.
- Formato: Híbrido.
Iniciamos nosso trabalho em 2024, tomando por base as questões que ficaram do trabalho de 2023, influenciado pelo tema do XI Enapol – “Começar a se analisar”. Assim, dedicamos o primeiro semestre de 2024 a indagar as modalidades da interpretação na clínica atual. Trabalhamos o texto “A interpretação pelo avesso” (MILLER, 1996) tentando delimitar de qual avesso se trata. Usamos um caso clínico, no qual imperava o silêncio, para verificar o que esse silêncio dizia. Percebemos que não se tratava de uma situação excepcional, já que, hoje, muitas vezes precisamos “criar” o inconsciente.
Outro caso discutido mostrou-nos que o simples repetir uma reflexão da analisante sobre seu desejo, seguida pelo corte, abriu a possibilidade de um tempo para compreender que a tirou do impasse que impedia seguir sua vida. Utilizamos também o testemunho de um passe no qual a própria analisante nos diz como uma observação do analista reinscreveu um fato de sua vida e provocou novas articulações. Casos como esses ensejaram a pergunta sobre o lugar do analista e da intepretação na clínica do falasser, na qual “a interpretação propriamente analítica […] funciona pelo avesso” (Miller, 1996, p. 99).
No 2º semestre deste ano, seguiremos visando as intervenções do analista a partir do último ensino de Lacan e do que Serge Cottet diagnosticou como “o declínio da interpretação”. Pesquisaremos sobre a variedade de manejos do analista e como eles abrem ou fecham o inconsciente.
De Freud à Lacan, a interpretação foi ganhando contornos diferentes, assim como o conceito de inconsciente. Não por acaso. Colocar em pauta a subjetividade de nossa época e questionar como o inconsciente se apresenta é, também, pensar como o analista intervém em sua prática na atualidade. Os novos arranjos sintomáticos tiraram o analista do lugar do Outro, fazendo-o ocupar o lugar do parceiro-sintoma?
O Núcleo Clínica e Política do Ato seguirá seu trabalho tendo como direção os casos clínicos e, a partir deles, reexaminar os textos que nos orientam, porém, nos guiando pelas surpresas que o dizer nos apresenta.